Por Atevaldo Santana
Costuma-se dizer que as mentiras têm pernas curtas, cabeça de pera, pescoço comprido, corpo coberto de pêlos e os olhos tortos, que são grandes e metediças ou pequenas e mal-educadas.
— Depende — pensava Adalgisa com os seus botões — Podem ser isso tudo e muito mais!
Adalgisa era uma especialista em mentiras, das quais possuía uma coleção interminável.
Eram tantas e tantas as suas mentiras que já não sabia onde havia de as guardar. Mas rapidamente as mentiras encheram o quarto, começando então a saltar para fora, espalhando-se pelos lugares mais impensáveis da casa.
Logo que uma saltava para fora, Adalgisa apressava-se a tapá-la com outra ainda mais gorda.
Quando as mentiras começaram a sair, ela até as achava divertidas, e por isso tentou torná-las suas amigas, mas bem depressa teve de dar o dito por não dito… Não se pode confiar em mentiras!
O problema é que as mentiras não desaparecem logo, quando é preciso, permanecendo ali, à espera do melhor momento para saltarem para fora e causarem uma desgraça! Eis a razão por que a vida de Adalgisa se estava a tornar numa verdadeira tragédia, em vez de ser uma comédia. Ela passava o tempo a vigiar e a prender todas as suas mentiras, e para isso via-se obrigada a criar novas mentiras: um círculo sem fim…
A verdade é que Adalgisa contava as mentiras tão bem e com tanta certeza e segurança que, com o correr do tempo, até ela se convencia que aquilo que dizia era mesmo verdade. Adalgisa andava, pois, carregada de mentiras, que lhe saíam de toda a parte do corpo.
No dia de hoje – em Rio Branco, o prefeito Bocalom resolve se travestir de “Adalgisa” para espalhar mentiras em relação ao ex-prefeito Marcus Alexandre. O mal gestor sequer tem a preocupação de procurar um simples gabinete para mentir descaradamente, preferiu buscar a imprensa para se tornar a Adalgisa de calça.